quarta-feira, 9 de julho de 2014

Uma boa derrota

Alemães comemoram. (  Foto: Jefferson Bernades/VIPCOMM)
Depois de ler diversas analises, crônicas e outros textos em geral, cheguei à conclusão que a derrota acachapante do Brasil para a Alemanha por 7 a 1, foi muito boa para nós. Não, não estou aqui evocando o ‘coxinhismo’ que assolou as redes pós-derrota e adentrou até no perfil de presidenciáveis. Falo do ponto de vista que enfim devemos aprender com a derrota. Nada de caça às bruxas, ou de vilões individuais.

Uma das coisas que deve ser sepultada junto com essa derrota é toda essa conversa de mística, pátria de chuteiras, de que o simples fato de ser brasileiro nos faz melhor que nossos adversários. Que o futebol-arte está no nosso DNA. Deixem isso para os cronistas e torcedores mais fánaticos. Não que o futebol não tenha o “imponderável”, aquela situação inesperada e que muda toda a rota do jogo. O Brasil já havia gasto sua cota de mística no empate contra o Chile. Não dá pra esperar em todos os jogos. Alguém pode dizer que foi assim que nos tornamos penta, é fato. Vencemos e construimos todos os mitos que nos rodeia, mas tínhamos craques de sobra e que hoje estão em falta.

É necessário se pensar a longo prazo. A preparação começou ano passado. A Copa das Confederações enganou muita gente. Todos os adversários que o Brasil bateu ano passado (Itália, Uruguai, Espanha) saíram mais cedo este ano. Não que a seleção escolhida por Felipão fosse extremamente ruim, mas era um time que visivelmente tinha dificuldade nas adversidades e pouca variação tática. A Copa tem mostrado que tática tem levado equipes medianas mais longe (como Costa Rica e Grécia) e se as equipes também tiverem técnica, podem ser campeãs (como Alemanha e Holanda). 

Essa não foi a primeira derrota marcante da seleção brasileira. Ainda hoje se fala de 1950, de 1982, 1998 e 2010.  A questão é que pra cada uma dela sempre culpamos alguém. É hora de exorcizar os mitos de Barbosa, Cerezo, Ronaldo e Felipe Melo. 

Infelizmente é dificil esperar uma mudança se os mesmos nomes continuam e continuarão no comando da CBF, dos clubes e Federações. E justamente por conta dessa falta de mudança não apenas de comando, mas de mentalidade, ideias, gestão é que hoje vivenciamos um dos períodos mais pobres de craques já visto em território brasileiro. 

Precisamos de menos técnicos defasados como Felipão e Parreira, menos holofotes como Luciano Huck de helicóptero no treino, menos arrogância nas coletivas de imprensa, menos ufanismo cego e nacionalismo de boutique. É mais planejamento, mais seriedade, mais tática aliada à técnica, menos mística e “Deus é brasileiro”. É preciso enfim aprender com a derrota.


Felipão mostra o placar para Bernard (Foto: David Gray/Reuters)

Um comentário:

  1. Muito bacana seu texto, Rafa.

    Infelizmente a gestão (os cartolas) não devem sair do poder. Infelizmente é algo que a grande maioria sequer ver ou se preocupa. O Romário fez um texto muito bom na página dele, recomendo a leitura. Enfim, que aprendamos (enquanto brasileiros e torcedores) com esta derrota.

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