segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Africanizando

O Brasil é um país que tem forte influencia Africana. Seja nos costumes, na comida, na música, no vestuário. Toda casa tem um pouco de África, dizia uma música do extinto grupo  pernambucano Sheik Tosado. No entanto isso não impede que nos deparamos com situações de preconceito racial. Em  2011 tivemos dois casos que tomaram projeção nacional e foram discutidos não só nas ruas, como nas já massificadas redes sociais. O primeiro foi o de  Jair Bolsonaro, deputado federal (PP-RJ), ao dizer num quadro do programa CQC da Band que não corria o risco de filhos namorarem mulheres negras por que eles foram "bem educados" e que não discutiria essa "promiscuidade". No outro caso, uma jovem que estagiava  em uma escola de São Paulo  foi convidada a alisar o cabelo, para "melhorar" a aparência. Como não aceitou a proposta, foi transferida do atendimento ao público para as funções de arquivo. A jovem prestou queixa depois do ocorrido. 
Por isso considero importante esta sempre reafirmando minha negritude e apoiando ações de valorização e respeito pela cultura afro. E foi com esse pensamento que aderi a campanha "Eu Africanizo Sergipe". A campanha  faz parte do festival  Wapi Brasil . A Wapi surge no Quênia e que significa ( Words and Pictures), ou seja, palavras e imagens. É um festival que segundo seus organizadores "é uma plataforma cultural para poetas, designers, MC's. dançarinos, grafiteiros, desenhistas, cartunistas, cantores e artistas envolvidos em qualquer arte visual e verbal, com ênfase na cultura afro-diasporica.". Neste ano foi realizado o primeiro Wapi Brasil em São Paulo com o tema "Eu africanizo São Paulo". Os MC's Marcos Santos e Anderson  Passos, mais conhecidos como Marcão e Hot Black, trouxeram a campanha pra Sergipe já vem movimentando as redes sociais com as fotos do "Eu Africanizo Sergipe". 
Na última sexta feira dia 23, eu e minha filha Maria Joana fomos fazer uma das fotos da campanha, no estúdio da tv Aperipê, juntamente com artistas e ativistas locais. Foi muito prazeroso fazer as fotos, claro que o fato de esta junto com Maria Joana era especial. Apesar de pequenina, sua desenvoltura foi elogiada por todos. Para mim era muito importante esta com ela,  são nesses pequenos gestos que vou ensina-la a importância da cultura negra para formação do nosso país, de ter orgulho da historias de Zumbi e  João Cândido, o respeito as religiões de matriz africana. E que nunca tenha medo de Africanizar, que espalhe um pouco de África por onde for. 

Confiram que já está "Africanizando Sergipe" 








quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sócrates ( 1954 -2011)

Sócrates é daquele panteão de jogadores que eu gostaria muito de ter visto jogar. Acho que essa sensação passa por todos os amantes de futebol com menos de 30 anos e que não tiveram a sorte de vê-lo junto com outros craques, principalmente os dos anos 80 que ainda circulam no nosso imaginário. Mas minha admiração por Sócrates é para além das quatro linhas. Ele não era um clichê ambulante, tão pouco ficava em cima do muro nos assuntos mais espinhosos ou na hora de assumir posições politicas. Era diferenciado dentro e fora de campo. Por isso tinha a admiração não só do torcedores corintianos, clube que defendeu por mais tempo e teve sua melhor fase. 
Desde da primeira vez que ouvi falar na Democracia Corintiana, fiquei imaginando como aqueles jogadores conseguiram aquilo, em plena década de 80, finalzinho de regime militar, num dos maiores clubes do Brasil. É de fato admirável. E quando disse que só ficaria no Brasil se as diretas fossem aprovadas? Não, não consigo vê isso nos jogadores de hoje. Além de ser um representante do jogador-boêmio, especie em extinção em tempos de patrulhamento politicamente correto. 
De domingo pra cá , foram muitas as homenagens, textos, reportagens para esse que foi um jogador admirado não só porque batia bem na bola, mas porque também era bom da cabeça e sabia pensar por si mesmo. Obrigado Doutor, por ter tornado o futebol mais bonito dentro de campo e menos chato fora dele.